"- E que somos nós? - exclamou Ega. - Que temos nós sido desde o colégio, desde o exame de latim? Românticos: isto é, indivíduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento, e não pela razão..."
Os Maias

sábado, 5 de janeiro de 2013

A escolha é nossa


O tempo em que estamos com aqueles que nos querem bem é sempre um tempo ganho,
como quem acumula pontos de felicidade para o futuro...

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Crise

A crise não é algo que aparece na televisão.
É mesmo verdade.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Festa na aldeia

Porque uma partilha não bastou, não resisti a publicar isto no meu blogue:


"Vêm aí os meus filhos! Ai nem durmo… Deus os traga em segurança! 
O meu neto ontem falou comigo ao telefone e mal o percebi, ele mistura o francês com o português e é cá uma salsada! Mas percebi que está feliz por vir ver
 a avó e vir divertir-se cá para a aldeia… e até me pediu arroz de couve! Tão lindo…
A minha filha está em pulgas para chegar e só diz: “- Mãe está quase!”
O outro meu filho, o Carlos, está em Lisboa e esse chega mais rápido e vem cá mais vezes. Ainda ontem os irmãos diziam que ele agora tem outra mulher… ai ai, lá para Lisboa trocam de mulher como quem troca de camisa e este meu Carlos então é cá um atiradiço! Mas quem ele trouxer será bem recebido, desde que o faça feliz…
Que Deus os traga em segurança! É só o que peço! A festa este ano até nem vai ser lá muito forte, os mordomos dizem que somos cada vez menos e as pessoas pagam pouco para a festa, ainda por cima com esta crise, mas só o cheiro da festa já chega! As novenas, as ruas iluminadas, a criançada a gritar rua fora, a procissão e o cheiro a cabrito assado é uma maravilha! A aldeia ganha vida e nós também!
Uma banda de música faz sempre falta, mas hoje gastam o dinheiro todo com o fogo-de-artifício… e às vezes em vez de música para dançar trazem aqueles conjuntos que só fazem barulho! E a minha cabeça já não aguenta aquele barulho todo! Mas é tão bom estar em festa e celebrar o regresso dos filhos à terra… é tão bom dar um pé de dança… o meu Manel, Deus o tenha, é que dançava bem! Mas com as amigas e com a família também vai!
Eles estão lá para fora para governar a vida, bem sei, mas custa tanto ficar aqui sozinha… O que me vale é o telefone! A minha Sandra liga todas as semanas! E agora tem lá aquela coisa da internet e fala com os irmãos a toda a hora! Até põe fotos da comida e do meu neto a brincar! Primeiro sem o telefone ficávamos sem nada, agora estão sempre a falar a toda a hora! E dizem que é de graça… Não percebo nada desta coisa da net mas que dá cá um jeitaço para acalmar o coração, dá!
Mas melhor que a internet e o telefone são mesmo os abraços dos filhos e a casa cheia de gente, e isso ninguém nem nada consegue substituir!
Meu ricos filhos, voltem rápido que a festa vai começar! E eu estou morta por vos abraçar!
Viva a festa!"

Foto: Rui Pires
Texto: Paulo Costa

quarta-feira, 13 de junho de 2012


Quando fico no escritório até depois das 22 horas, dias consecutivos, e sobretudo quando tenho reuniões marcadas para a hora dos jogos da selecção... É que eu percebo o quanto gostava de ser cabeleireira.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Modo de caça



“Há uma metáfora muito forte que é a metáfora do modo de caça. Tu tens que estar em modo de caça. Modo de caça significa que tu és uma chita e lá ao longe, vês uma gazela, e tu começas a correr e colocas toda a tua energia de activação naquela batalha. Só existe aquilo. Não existe mais nada. É para aquilo que tu vives e para aquilo que tu trabalhas. E vais atrás. E se pelo caminho surgir uma lebre, tu comes. E se pelo caminho surgir outra gazela tu comes. E o que pode acontecer é pelo caminho surgir um bisonte muito grande, e tu atacas.
Mas se tu não estás em modo de caça, tu não vais correr.
E é muito grande a diferença: olhar lá para a frente e dizer: Epa, aquilo se calhar nem sequer é uma gazela, nem vale a pena, é uma árvore. Sabe como é que pensa um empresário? Epa, olha ali ao fundo uma árvore, se calhar tem uma gazela lá atrás!” Miguel Gonçalves
http://www.youtube.com/watch?v=gJMdlN2_VQE&feature=related

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Estreia?!

Não, TARIMBA = Um estrado de madeira, plano e duro, onde dormem os soldados nos quartéis e postos de guarda. Considerada cama rude, dura e desconfortável, o nome é também usado para designar a vida de caserna ou vida de soldado. Neste contexto, no sentido honroso da palavra, significa profissional das armas com larga experiência ou grande prática. Preparação ou conhecimento decorrentes da larga experiência em alguma área ou função (prática).
É portanto, o melhor elogio que um advogado pode ter... e eu hoje tive a honra...
Oh yeah!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Anunciamos senhor, a tua Morte

Cristo Jesus!
Estamos, neste dia de Sexta-feira Santa, aos pés da Tua Cruz. Assim como outrora em Jerusalém aos pés da Cruz estavam a Tua Mãe, João e Madalena e outras mulheres, assim também nós estamos aqui.
Estamos profundamente emocionados pela importância deste momento.
Faltam-nos palavras para exprimir tudo o que sente os nossos corações.
Nesta noite, quando, depois de teres sido tirado da Cruz, te depuseram num sepulcro aos pés do Calvário, queremos rogar-Te que fiques connosco por meio da Tua Cruz.
Pedimos-Te que continues com a Igreja; que fiques com a humanidade; que não desanimes, se muitos passam indiferentes ao lado da Tua Cruz, se alguns se afastarem dela e outros não se aproximarem.
Contudo, talvez, nunca como hoje o homem teve tanta necessidade desta força e desta sabedoria que és Tu próprio!
Agora fica connosco, neste mistério profundo da Tua morte, no qual nos revelaste como “Deus amou o mundo”.
Fica connosco e atrai-nos a Ti. Fica connosco!

João Paulo II

domingo, 18 de março de 2012

A good team

 
"É demasiado baixinho, mas já me habituei...", "Tem demasiados pelos no peito, mas já aprendi a gostar..." . Acho que as raparigas estão a ficar muito pouco exigentes. Na verdade, podem encontrar-se mil justificações para que a aparência não seja assim tão importante. E ainda há muito boa gente que procura um bom partido. Bem, na verdade, bons partidos é o que mais há por aí. E disponíveis. Com bom gosto, com dinheiro, com contactos... Mas com defeitos de fabrico. Para mim, um bom partido é alguém que, muito simplesmente, me faz frios na barriga a toda a hora. Isso é o mais difícil, o mais saboroso, e a autêntica prova dos nove dos sentimentos. Para lá do entendimento, de uma boa conversa, de um bom corpinho. Muito para além disso. Fazer-me sentir frios na barriga não está ao alcance de qualquer um. Pouco me importa se é ou não um bom partido. Interessa-me que me desperte intelectualmente, que não tenha pelos no peito, e que me saiba abraçar e envolver com os seus braços. Que me beije com o coração e com o olhar. Que me dê a sua vida. Que entregue a sua vida nas minhas mãos, e confie em mim. Não é sequer necessário que ele seja já um vencedor. Basta que tenha o potencial necessário e a garra para que possamos juntos formar uma boa equipa.
Em suma, um homem não precisa ter olhos azuis, cabelo liso, nem roupas de marca - aliás, bem pelo contrário! Ele só precisa ter um bom coração.

sábado, 17 de março de 2012

Ai de mim se não evangelizar.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

El rey

Em (dois mil e doze) mil oitocentos e noventa e dois foi assim...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Escuta, Amor


Quando damos as mãos, somos um barco feito de oceano, a agitar-se sobre as ondas, mas ancorado ao oceano pelo próprio oceano. Pode estar toda a espécie de tempo, o céu pode estar limpo, verão e vozes de crianças, o céu pode segurar nuvens e chumbo, nevoeiro ou madrugada, pode ser de noite, mas, sempre que damos as mãos, transformamo-nos na mesma matéria do mundo. Se preferires uma imagem da terra, somos árvores velhas, os ramos a crescerem muito lentamente, a madeira viva, a seiva. Para as árvores, a terra faz todo o sentido. De certeza que as árvores acreditam que são feitas de terra.
Por isto e por mais do que isto, tu estás aí e eu, aqui, também estou aí. Existimos no mesmo sítio sem esforço. Aquilo que somos mistura-se. Os nossos corpos só podem ser vistos pelos nossos olhos. Os outros olham para os nossos corpos com a mesma falta de verdade com que os espelhos nos reflectem. Tu és aquilo que sei sobre a ternura. Tu és tudo aquilo que sei. Mesmo quando não estavas lá, mesmo quando eu não estava lá, aprendíamos o suficiente para o instante em que nos encontrámos.
Aquilo que existe dentro de mim e dentro de ti, existe também à nossa volta quando estamos juntos. E agora estamos sempre juntos. O meu rosto e o teu rosto, fotografados imperfeitamente, são moldados pelas noites metafóricas e pelas manhãs metafóricas. Talvez outras pessoas chamem entendimento a essa certeza, mas eu e tu não sabemos se existem outras pessoas no mundo. Eu e tu declarámos o fim de todas as fronteiras e inseparámo-nos. Agora, somos uma única rocha, uma única montanha, somos uma gota que cai eternamente do céu, somos um fruto, somos uma casa, um mundo completo. Existem guerras dentro do nosso corpo, existem séculos e dinastias, existe toda uma história que pode ser contada sob múltiplas perspectivas, analisada e narrada em volumes de bibliotecas infinitas. Existem expedições arqueológicas dentro do nosso corpo, procuram e encontram restos de civilizações antigas, pirâmides de faraós, cidades inteiras cobertas pela lava de vulcões extintos. Existem aviões que levantam voo e aterram nos aeroportos interiores do nosso corpo, populações que emigram, êxodos de multidões famintas. E existem momentos despercebidos, uma criança que nasce, um velho que morre. Dentro de nós, existe tudo aquilo que existe em simultâneo em todas as partes.

Questiono os gestos mais simples, escrever este texto, tentar dizer aquilo que foge às palavras e que, no entanto, precisa delas para existir com a forma de palavras. Mas eu questiono, pergunto-me, será que são necessárias as palavras? Eu sei que entendes o que não sei dizer. Repito: eu sei que entendes o que não sei dizer. Essa certeza é feita de vento. Eu e tu somos esse vento. Não apenas um pedaço do vento dentro do vento, somos o vento todo.
Escuta,
ouve.
Amor.
Amor.

José Luís Peixoto, in 'Abraço'

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Não há liberdade sem direcção

É fácil estabelecer a ordem de uma sociedade na submissão de cada um dos seus componentes a regras fixas. É fácil moldar um homem cego que tolere, sem protestar, um mestre ou um Corão. Mas é muito diferente, para libertar o homem, fazê-lo reinar sobre si próprio.
Mas o que é libertar? Se eu libertar, no deserto, um homem que não sente nada, que significa a sua liberdade? Não há liberdade a não ser a de «alguém» que vai para algum sítio. Libertar este homem seria mostrar-lhe que tem sede e traçar o caminho para um poço. Só então se lhe ofereceriam possibilidades que teriam significado. Libertar uma pedra nada significa se não existir gravidade. Porque a pedra, depois de liberta, não iria a parte nenhuma.

Antoine de Saint-Exupéry, in 'Piloto de Guerra'

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Azeite sal e vinagre

Como adoro fotografar a comida quando me sento à mesa,
como que para eternizar os meus pratos e cada refeição,
como se estivesse a agradecê-la a Deus, sem o verbalizar.
Aliás, quando tiver filhos, vou fazê-lo sempre no início das refeições.
É isso e a benção antes de sairem de casa!:)
Hoje ao jantar fotografei a minha salada de alface e... maçã!
Temperada com, imagine-se, 
azeite, sal, vinagre ou limão. No caso, os dois!
Nada mais simples.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Se eu não fosse advogada?!

Seria cabeleireira...
Porque gosto das cabeleireiras e do seu modo de vida. Aquelas que são (agora e para sempre) as minhas cabeleireiras, não fecham a porta à hora de almoço e cortam o meu cabelo pelo preço mais simpático da actualidade. Parecendo que não, uma cabeleireira sabe mais da sua cliente do que muitas amigas da própria cliente. Uma cabeleireira é inteligente. Sabe ouvir. Tem sempre resposta para tudo. Sabe conversar. Só fala sobre aquilo que a cliente quer falar. Ou não fala. Tem temas de conversa em tons de rosa-choque. Fala da Troika sem um tom de fim-de-mundo, porque afinal temos é que trabalhar, como sempre. Uma cabeleireira tem filhos e uma família organizada. E se não tiver, organiza-se! Uma cabeleireira é muito prática. Perspicaz. E bonita. Pelo menos todas as que eu conheço...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O país avança...

Já falei aqui da democracia directa?! Os indignados são, neste campo, um exemplo a seguir. No dia-dos-indignados, deliberaram todos em conjunto - por unanimidade - e decidiram o seguinte:
mudar-se da frente do Parlamento, para a frente do palácio de S. Bento.
E assim foi, a coisa funciona! O país avança.

domingo, 18 de setembro de 2011

Setembro, love it.


Fez este mês um ano que mudei de cidade... e simultaneamente, de vida. Faz um ano que comecei a trabalhar, um ano que deixei de escrever frequentemente no blogue. Faz um mês que me comprometi com um amigo a escrever dia-sim-dia-não, o que não aconteceu até aqui. Há tanta coisa que quero fazer, tanta gente a quem quero dar atenção, mas para as quais, não tenho conseguido arranjar tempo. E isto numa cidade onde acordo meia hora antes da hora a que quero estar no escritório, e onde demoro 5 minutos a chegar ao trabalho. A verdade é que continuo a dizer que tenho que mudar alguma coisa no preenchimento do meu dia-a-dia. Quero dar jantares em minha casa, visitar a minha família e os meus amigos.
Apercebo-me todos os dias que os meus serões são, efectivamente, a parte mais importante do dia, e como tal, é aos meus serões que eu tenho que fornecer qualidade de vida. Porque o resto do dia, é tempo passado a trabalhar, e é de trabalho que falamos, aqui ou na China! E dou cada vez mais valor ao tempo de preparação do jantar - continuo a alimentar o sonho de o poder fazer com tempo, e desejo poder confeccioná-lo antes das 20H, mas parece que isso só é possível trabalhando na função pública. Dou cada vez mais valor ao jantar e ao serão passado no lar. Com o computador desligado. Mas quero mais, quero mudar! Não é desporto, não é físico sequer. Antes do Verão, achei que o princípio dessa mudança podia passar pela compra de uma planta lá para casa, que me fizesse companhia, que me desse alguma responsabilização pela mesma, mas que não desse demasiado trabalho, claro, que não me quero tornar dependente, e se não tenho animais, é para evitar isso mesmo! Por isso, comprei uma Kalanchoe, que comprei sem saber sequer como se chamava. Na verdade, só no dia seguinte é que liguei para a florista para perguntar afinal que planta tinha comprado. Uma Kalanchoe ou também chamada flor-da-fortuna, uma planta com flores pequeninas. Flores que escolhi cor-de-rosa, mas que fiquei apaixonada pelo vermelho e pelo azul-bébé. Como é da familia dos cactos, e as folhas armazenam água, precisa de muito pouca água, e apenas uma vez por semana. O ideal. No fundo, um primeiro passo para vir a adquirir um bonsai e mudar - aí sim - de vida! O problema é que ainda não reconheço os sinais da minha pequena flor. Neste momento, não consigo perceber se ela tem sede, ou se as suas folhas estão a apodrecer com excesso de água. Haverá cursos para o efeito?... Entretanto, as flores caíram, uma vez que só dão o ar da sua graça duas vezes por ano. E bom, continuo a achar que uma flor de estufa em casa, é um bom princípio de qualquer coisa.
De resto, este fim-de-semana foi de vindimas, e se há coisa que eu gosto, é de vindimas! Também foi fim-de-semana de Chocalhos, em Alpedrinha, com as amigas... Qual Bairro Alto! E como a partir de agora, decidi que vou fazer muitas coisas que gosto, é possível que venha a escrever por aqui mais vezes. Não se sabe!
É geral: em Setembro, as coisas mudam... A ver vamos.

sábado, 16 de julho de 2011

A persistência da memória...

É uma ditadura. Assim como o tempo. Angustiante e constringente.

 "A Persistência da Memória" - 1931 - Salvador Dalí

terça-feira, 5 de julho de 2011

Quadras (Fernando Pessoa)

Na voz de Camané:


O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p´ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há-de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P´ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

E se eu te desse a minha vida?

Poema: Álvaro de Campos
Música: Mário Laginha

Cristina Branco (duet with Jorge Palma)


- Ai, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?
- Tirava os brincos do prego,
Casava c'um homem cego
E ia morar para a Estrela.
- Mas, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que diria tua mãe?
- (Ela conhece-me a fundo.)
Que há muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.
- E, Margarida,
Se eu te desse a minha vida
No sentido de morrer?
- Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.
- Mas, Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
- Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.

domingo, 3 de julho de 2011

Não sou ateniense nem grego

Não sou nem ateniense, nem grego,
mas sim um cidadão do mundo.
                                          Sócrates

No outro dia, por alturas do 25 de Abril, ouvi Otelo Saraiva de Carvalho admitir com todas as letras que se soubesse como o país ia ficar actualmente, não teria realizado o 25 de Abril. Fiquei preocupada. Mas como sempre, uma simples frase apanhada do ar quase nunca quer dizer aquilo que parece. Uns dias depois em novo tempo de antena explicou afinal, que aquilo em que ele acreditava e ainda hoje gostaria de ver realizada era uma democracia directa. Daí a sua desilusão. Pois. Democracia directa. Abaixo a pobreza... Voz ao povo... Poder para todos nós!
A verdade é que quando se tenta dar a voz a todos, nenhuma voz se faz ouvir. Quando todos podem mandar, ninguém manda nada. O pessoal gosta é de divagar, mandar bitaites, fazer pela sua vidinha, e muito raramente alguém gosta de decidir o seu próprio destino. Quanto mais o dos outros... Bastará pensar em experiências simples de democracia directa. Na maior parte das vezes são uma perda de tempo, de eficiência. Se perguntarmos a uma turma como vamos dar hoje a matéria, que resultado vamos obter? Se nos juntarmos com um grupo de 50 pessoas e dissermos "vamos fazer um convívio?", a discussão pode durar mais de vinte minutos (sendo optimista), atendendo à exposição dos motivos pessoais de quem se quiser pronunciar sobre o assunto. Sim, porque haverá sempre os mais tímidos que preferem que os outros falem por eles. Como na política, aqueles que preferem ficar alheados de tudo, como se nada lhes dissesse respeito. Depressa surgem intervenções de quem quer impor a sua 'ditadura', do género "Eu não poderei estar presente, porque não me vai dar jeito nenhum, logo, acho que não deve existir convívio para ninguém". Passado o tempo de discussão, decide-se: Faz-se um convívio, aberto a todos, e vai quem quiser! Alguém decide. Decide por todos. E bem! E se perguntarmos "Como fazer o convivio?" As mesmas 50 pessoas são então capazes de se debruçar sobre o assunto, mas alguém terá que decidir. É por estas e por outras razões que entendo que a democracia tem limites. Já defendia a Manuela Ferreira Leite, ou por momentos lhe passou pela cabeça, uma suspensão da democracia, e que na verdade isto em meia dúzia de meses a coisa resolvia-se! Na verdade, a suspensão da democracia está aí, no terreno, mas talvez por um período mais prolongado, com as medidas do FMI, e nem por isso há qualquer legitimidade representativa com a qual Portugal se identifique. Mas a democracia é isto. Democracia é aceitar que 28% de portugueses tenham votado PS, estando conscientes que se todos o fizessem, José Sócrates continuava no poder. Democracia é haver portugueses que, conscientemente, preferiam José Sócrates ao poder porque "sim, ele é vigarista, mas pelo menos a ele já o conhecemos" /!\. No entanto, essas pessoas fizeram-se ouvir, na percentagem devida, é certo.
De resto, toda a gente sabe que o pior que há é o fundamentalismo, o radicalismo de posições, sejam elas quais forem. No socialismo. Na religião. Na democracia. É por isso que eu abomino qualquer posição, ou mesmo uma opinião levada ao extremo e acho que a democracia tem limites.
Em suma, e sem levar a sério as minhas próprias palavras... A Democracia nasceu em Atenas e hoje a Grécia está como está...

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Não me trates doutor

Como é rematado neste texto, "o hábito do sôtor é a prova de que este país, mesmo à beira da ruína, prefere naufragar de fato e gravata a salvar-se de fato-macaco."

terça-feira, 7 de junho de 2011

Folk - Pop directamente da Noruega, adoooro!

Kings of Convenience - I'd rather dance with you

 I'd rather dance with you than talk with you
So why don't we just move into the other room
There's space for us to shake, and hey, I like this tune
Even if I could hear what you said
I doubt my reply would be interesting for you to hear
Because I haven't read a single book all year
And the only film I saw, I didn't like it at all
I'd rather dance, I'd rather dance than talk with you

Kings of Convenience - Homesick

I lose some sales, and my boss won't be happy. But i can't stop listening to the sound of two soft voices blended in perfection, from the reels of this record that i found.
Every day there's a boy in the mirror asking me: what are you doing here? Finding more that previous motifs growing increasingly unclear.
I travelled far and i burned all the bridges. I belived as sooned as i hit land all the other options held before me wither in the light of my plan.
So i lose some sales, and my boss won't be happy. But there's only one thing on my mind, searching boxes underneath the counter, on a chance that on a tape i'd find.
A song for someone who needs somewhere to long for.
Homesick
Cause i no longer know
Where home is

Kings of Convenience - Me in You

And I'm watching you know.
I see you building the castle with one hand
while tearing down another with the other.

Kings of Convenience - Mrs. Cold


Hey baby, Mrs. Cold. Acting so tough, didn't know you had it in you so be hurt at all. You waited too long. You should've hook me, before I put my raincoat on.
When can I get it? When can I see? You were fronting because... You knew you'd find yourself vulnerable around me. When can I get it? When can I see? You feel vulnerable around me.
Hey, baby, whats going on? We lost control and you lost your tongue. You lost me. Deaf in my ear. Nothing you can say is gonna change the way I feel.
When can I get it? When can I see? You were fronting because... You knew you find yourself vulnerable around me.
When can I get it? When can I see? I step too close to your boundaries....
You wanted nobody around to see. You feel vulnerable around me.
Hey baby,
What is love?
It was just a game.
We both played and we cant get enough of.

domingo, 5 de junho de 2011

Um jeito de rezar


Um pobre camponês regressava ao fim da tarde a sua casa depois de um dia de trabalho. De repente lembrou-se que não trazia consigo o seu livro de orações. encontrava-se no meio do bosque e tinha-se desprendido uma roda da sua carroça.
O pobre homem estava aflito pensando que nesse dia não ia poder recitar as suas preces. Então rezou assim: “Senhor, cometi uma grande estupidez. Saí de casa sem o meu livro de orações. A minha memória é tão pouca que sem ele não sei rezar. De modo que vou recitar muito devagar o alfabeto cinco vezes seguidas. e Tu, que conheces todas as orações, podes juntar as letras e formar as preces que eu não recordo.”
E Deus disse aos seus anjos: “De todas as orações que escutei hoje, esta foi sem dúvida alguma, a melhor. Uma oração que brotou de um coração humilde e sincero”.

quarta-feira, 1 de junho de 2011