"- E que somos nós? - exclamou Ega. - Que temos nós sido desde o colégio, desde o exame de latim? Românticos: isto é, indivíduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento, e não pela razão..."
Os Maias

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O mundo dos outros mais ou menos à minha volta

Eu daria de certeza uma boa jornalista, uma boa professora, uma boa psicóloga, e tantas outras coisas que me fizessem ter contacto com os problemas das outras pessoas, conhecer, compreender, transmitir e ajudar. É isso que de alguma maneira vou procurar fazer o resto da minha vida. E despertam-me sempre os bons documentários e as boas reportagens, como as que ontem e hoje passaram na RTP. Ficam aqui os destaques, ambas distinguidas com o prémio UNESCO.


A Avenida Almirante Reis em Lisboa é seguramente a artéria mais multicultural do país. A qualquer hora do dia ou da noite cruzamo-nos ali com chineses, africanos, indianos, paquistaneses, bangladechianos, brasileiros, europeus de leste ... e até portugueses. A diversidade não é apenas étnica mas também social: cá em baixo, na zona tradicionalmente mais popular, a avenida é pobre e degradada, habitada sobretudo por idosos e imigrantes e ensombrada pelo estigma do “Intendente” e da “sopa dos pobres”; depois, à medida que subimos em direcção ao Areeiro, a avenida vai ficando cada vez mais branca, larga e farta para acabar num bairro típíco da alta burguesia lisboeta. “Esta é a nossa rua” é uma viagem pelos muitos mundos que se cruzam nestes dois quilómetros e meio de Lisboa, guiados por quem lá vive e trabalha, descobrindo o que os prende ali, os seus sonhos e desilusões, o que pensam do “outro”, que mora mesmo ao lado, na Avenida.
A autoria e realização do documentário é da jornalista Margarida Metello, a imagem é de Paulo Aleixo, a edição de Mário Rui Miranda e a produção de Ana Lucas.


Viver na Escuridão 
“Viver na Escuridão” revela-nos uma realidade surpreendente em pleno século XXI. Na Serra de Serpa, no coração do Baixo Alentejo, há dezenas de habitantes que vivem sem luz eléctrica. Muitas pessoas são agricultores, com explorações agro-pecuárias, que para manterem o seu negócio tiveram que comprar geradores. Mas ao final do mês, a despesa em combustível é avultada e a competitividade mínima. Para além de tudo isto, também encontrámos gente para quem o tempo parou. Parece impossível, mas descobrimos pessoas que vivem à luz do candeeiro a petróleo, sem electrodomésticos, apenas com uma televisão a preto e branco, ligada a uma bateria automóvel. No entanto, Serpa está apenas a 200 quilómetros de Lisboa e tem uma das maiores estações fotovoltaicas do mundo.
“Viver na Escuridão” é uma reportagem da jornalista Mafalda Gameiro, com imagem de João Martins e edição de imagem de José Rui Rodrigues.

1 comentário:

Tiago Lourenço disse...

Já vi a reportagem sobre a Almirante Reis e visto sempre ter morado junto à avenida, conheço com substância o seu conteudo. É muito boa a reportagem! Se me perguntam em que local morava, eu respondo, mesmo a meio! E é mesmo verdade.Sem me perguntarem onde gostava de viver, respondia "a meio da avenida" e é mesmo verdade!
Tenho muitas histórias sobre a avenida, mas recordo sempre com saudade, ou nem por isso, os tempos em que comecei a ir ao bairro alto, ia a pé... A passagem junto ao intendente era onde o coração batia mais depressa... Claro que não era pelas meninas, que inflizmente são uma podridão, mas simplesmente pelo perigo que representa passar a altas horas da noite por lá ( não havia muito dinheiro e o que havia era para gastar numa cervejita, nunca num taxi de regresso a casa). Enfim tempos que já não voltam.