"- E que somos nós? - exclamou Ega. - Que temos nós sido desde o colégio, desde o exame de latim? Românticos: isto é, indivíduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento, e não pela razão..."
Os Maias

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Lês todos os livros que citas?!



Lês todos os livros que citas?
Ou citas todos os livros que lês?


Citações, frases feitas e já pensadas, "mastigadas". Como quando estudava no 6º ou 7º ano, altura em que me lembro de ler certas frases nos manuais, que me ficavam na cabeça de tal modo que repousavam direitinhas numa resposta de um teste, tal era a sabedoria adquirida. "Antigamente, as crianças eram uma fonte de receita para as famílias, hoje em dia são antes uma fonte de despesas..." era apenas um dos casos da disciplina de História e Geografia. Antigamente, quando? E o que é ser uma fonte de receitas? Acho que só hoje, aos 21/22 anos, altura em que ainda sou uma fonte de despesas, é que percebo o significado daquelas frases quando o meu pai me conta a sua própria história de vida, e a dos meus avós.
Penso ser apenas um exemplo de como funciona o conhecimento das pessoas normais, isto é, precisa de muito tempo para se consolidar. Raramente entendemos com toda a propriedade aquilo que lemos ou ouvimos pela primeira vez. Tenho tido nos últimos tempos o desafio da escrita de um trabalho académico e a tarefa de investigação até tem sido produtiva. O meu problema - para meu próprio espanto - é mesmo o trabalho de criação, de escrita. Iniciar um texto feito por mim, através necessariamente do meu modo - cru e tenrinho - de olhar para o conhecimento e sobretudo expressar por escrito as ideias sobre as quais já se debruçaram quase todos os doutores catedráticos. Uff! E em cada livro que aparece nas minhas referencias bibliográficas, fui beber apenas o que considerei essencial. Quando aparece já expressa uma das ideias que parece descrever exactamente o MEU entendimento, é como que uma ousadia invocá-lo. E discordar?! Discordar pode ser fácil mas juntar letras à máquina explicando as razões e depois imprimi-lo. Ui! Na verdade, a escrita demora sempre mais do tempo que eu tinha previsto para escrever, e a reflexão que vou fazendo também. As citações, devidamente identificadas, ajudam por isso a formar o raciocinio, sendo certo que será sempre a minha visão do (pouco) que conheço.

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