- Chamaste? - Não.
Alegrava-me, apesar de tudo, pensar que sim. Era como se afinal não caminhasse sozinha naquela rua escura e vazia. Os vizinhos daquelas casas pareciam adormecidos. Era noite, mas sentia no meu ouvido um murmurar secreto de alguém que quer começar o dia. Estava escuro e não conseguia encontrar a lua. Olho para o céu e reparo nao existirem estreles em cima daquela rua. Mais à frente, percebo que a rua está iluminada com uma janela entreaberta. Uma janela entreberta e uma luz de vela, que é um quase nada lá dentro, ao fundo, por detrás de uma cortina vermelha. É o único sinal luminoso que parece existir entre estas paredes brancas que delimitam a estrada por onde passo. Caminhas ao meu lado, mas a medo de fazer barulho, a medo de caminhar, a medo de estar ali perto de mim. A verdade é que nenhum de nós está sozinho e no entanto a cada vez que sustentas a respiração, a cada suspiro envergonhado, eu imagino uma frase que pudesse naquele momento sair do teu coração.
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