"- E que somos nós? - exclamou Ega. - Que temos nós sido desde o colégio, desde o exame de latim? Românticos: isto é, indivíduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento, e não pela razão..."
Os Maias

domingo, 30 de agosto de 2009

Alto Douro Vinhateiro

E que tal um Cruzeiro?! Eu adorei. E quando a expectativa é grande, sabe tudo muito melhor. Mil vezes melhor que um dia inteirinho de praia. Portugal tem recantos admiráveis, que se estendem ao longo de todo um rio, entre o Porto e Barca de Alva. O que mais impressiona, para além da paisagem, é a riqueza daquelas Terras e o trabalho dos novos e dos antigos para que das ingremes encostas se exportasse um produto dos Deuses. Ponto assente: o meu embarque em Peso de Régua há-de repetir-se.



"Primeiro a serra semeada terra a terra nas vertentes da promessa. Depois o verde que se ganha ou que se perde quando a chuva cai depressa. E nasce o fruto quantas vezes diminuto como as uvas da alegria, e na vindima vão as cestas até cima com o pão de cada dia. Suor do rosto pra pisar e ver o mosto nos lagares do bom caminho. Assim cuidado faz-se o sonho e fermentado generoso como o vinho. E pelo rio vai dourado o nosso brio nos rabelos duma vida. E para o mundo vão garrafas cá do fundo de uma gente envaidecida. (...) Por isso há festa, não há gente como esta quando a vida nos empresta uns foguetes de ilusão. Vem a fanfarra e os míudos, a algazarra, vai-se o povo que se agarra pra passar a procissão. E são atletas, corredores de bicicletas, e palavras indiscretas na boca de algum rapaz. E as barracas mais os cortes nas casacas, os conjuntos, as ressacas e outro brinde que se faz. Vinho do Porto, vou servi-lo neste cálice, alicerce da amizade em Portugal. É o conforto de um amor tomado aos tragos que trazemos por vontade em Portugal. Se nós quisermos entornar a pequenez, se nós soubermos ser amigos desta vez, não há champanhe que nos ganhe, nem ninguém que nos apanhe porque o vinho é português."

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