"- E que somos nós? - exclamou Ega. - Que temos nós sido desde o colégio, desde o exame de latim? Românticos: isto é, indivíduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento, e não pela razão..."
Os Maias

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Pimba? Que é isso?

Ouvia hoje comentários do provedor da RDP, em comentário às criticas daquilo que passa nas rádios portuguesas. O tema era o desprezo pela música folclórica portuguesa e, por outro lado, pela música apelidada "pimba", que simplesmente não existe no panorama das rádios nacionais. De anotar o paradoxo com o que acontece com a televisão, onde o prato forte ainda são os cantores da tal música pimba. Porquê? Terá somente a ver com os públicos alvo? Deve haver público alvo quando se fala de música tradicional portuguesa ou de folclore? Quanto a esta última, eu sou suspeita, mas é muito mais uma questão de interesse cultural do que de gosto. O pimba pode não nos diferenciar de outros povos e de outras culturas, mas a nossa música antiga, mais tradicional - aquela que as crianças já não aprendem na escola, mas que as nossas avós cantam em côro, lembrando a mocidade - conjugada com etnografia de cada região ... Meus caros, não vou apelar aqui aos valores da identidade e das raizes comuns, mas é capaz de ter o seu interesse, e se não gostarem do nome, pronto, chamem-lhe FOLK apenas, sempre lhe dá uma ar mais «in».
Quanto à outra, essa que vive do estigma de ser pimba - mal tenha um refrão repetido, um instrumento mais ou menos popular lá pelo meio, e um tom mais alegre - e que nasceu, fique claro, quando alguém decidiu fazer uma música com esse mesmo nome: Nós pimba! Antes disso, as canções eram todas iguais, não havia preconceito relativamente a nenhuma delas. Basta recordar "O Foguete", de Carlos Paião, autor da "cancão do beijinho" do Herman, e outras canções de Carlos Paião, um dos maiores compositores portugueses, reconhecido por todos, por mérito próprio! - e nem sequer é por ter morrido antes do que era previsto, como geralmente acontece.
É que o preconceito que existe, actualmente, em torno do pimba é uma mera hipócrisia, como outra qualquer. Basta sair à rua em Lisboa na noite de 12 de Junho para perceber isto (a este propósito, a "Marcha do Pião das Nicas" do Carlos Paião é deliciosa!)
Ora, o que dificilmente se compreende com a razão, é que os locutores de rádio satisfaçam o seu desejo de música pimba - e o dos ouvintes! - precisamente com música pimba, mas em BOM, isto é, em INGLÊS! Nada que nos deva espantar este apanágio do povo português.
LAMENTAR TALVEZ.
E TER BOA MÚSICA EM CASA.
PIMBA OU NÃO. TANTO FAZ!

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